Yoga e depressão: prática pode ajudar a reduzir sintomas
- bixcoitodiario
- 11 de jun. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 12 de jun. de 2019
A prática milenar é uma alternativa para quem sofre da doença
Por Dayane dos Anjos e Rayssa Cavalcanti

A depressão vem sendo chamada como o “novo mal do século” e não é à toa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas sofrem com esse transtorno e o Brasil é campeão de casos de depressão na América Latina. Cerca de 6% da população, um total de 11,5 milhões de pessoas, tem a doença. Ainda de acordo com a OMS, estima-se que até 2030 a depressão será a doença mais comum, acometendo mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde.
Mas o que provoca a depressão? As causas para que os sintomas comecem a se manifestar são variadas. As mais comuns são ligadas ao estresse diário, a cobrança de si mesmo, a jornada de trabalho excessiva, falta de reconhecimento, término de relacionamentos, baixa autoestima, ansiedade, entre outros.
Segundo artigo intitulado “Níveis de ansiedade e depressão em graduandos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)”, universitários ingressantes na graduação, do seu início até sua conclusão, podem desenvolver transtornos psiquiátricos, sendo os mais comuns ansiedade e depressão. A intensa carga horária de estudos, a forte cobrança dos professores nas disciplinas, além da demanda de familiares e de si mesmo para se sair bem na faculdade, contribuem para tais transtornos.
Como forma de prevenir ou até mesmo ajudar com os sintomas, além do tratamento convencional com o psicólogo ou psiquiatra, muitas pessoas estão procurando a yoga. A sua prática regular libera serotonina, endorfina e propamina, substâncias capazes de aumentar a oxigenação sanguínea, o relaxamento muscular, a sensação de prazer e ainda ajuda a reduzir os níveis de cortisol, hormônio ligado ao estresse.
Caru Shultz, professora de yoga, passou por depressão e lembra que as pessoas achavam que ela não estava lutando contra. “Eu ficava muito nervosa porque as pessoas falavam: ‘ah, mas porque você não sai um pouco? O dia está tão bonito’ e eu dizia que, cognitivamente, eu sabia que o dia estava bonito, mas eu não conseguia sentir o dia bonito”, conta. Ela acredita que a prática constante da yoga ajuda a combater os sintomas da doença.
Confira mais um pouco do que ela fala sobre o assunto no vídeo abaixo.
Patrícia Leite, de 28 anos, moradora do Paraná, desenvolveu depressão e gastrite nervosa após perder os pais, aos 19 anos. “Fui procurar um médico e ele me passou remédios, mas eu sabia que isso não ia resolver o meu problema. E foi aí que eu encontrei uma professora de yoga. Eu digo que a yoga na minha vida foi um divisor de águas. Se eu fosse uma pessoa que fosse buscar os métodos tradicionais, eu poderia estar tomando antidepressivos até hoje”, diz. Patrícia largou a profissão de geógrafa e atualmente é massoterapeuta e professora de yoga.
A psicoterapeuta e instrutora de hatha yoga, Julia Druant, de 26 anos, da capital do Rio, passou por um episódio de depressão depois do término de uma relação e chegou a ser medicada pelos médicos. “Foi um período de muito sofrimento. Me vi sem trabalho, sem família, sem perspectiva e só atraindo pessoas tóxicas que se aproveitavam da minha baixa estima.”
Julia conta que se isolou e que tanto a yoga quanto as pessoas que ela conheceu através da prática a ajudaram a melhorar. “Eu me identifiquei com os valores dessa filosofia, como a não violência, coerência entre o agir, pensar e falar, senso de responsabilidade pela própria ação e não esperar controlar o resultado dela. Aprendi que a autoconfiança pode vir acompanhada de humildade e que você não precisa andar igual pavão para se sentir bem. Há um processo de autoconhecimento e paz interna muito real”, diz.
“Na terapia, acho que as mudanças de hábito precisam ser trabalhadas de imediato e, se necessário, utilizar medicação. As pessoas não sabem, mas muitos analistas têm vagas para atendimento acessível e há também as clínicas sociais ligadas a institutos e universidades. Alguns planos de saúde cobrem certos tipos de atendimento clínico, os quais já ajudam”, recomenda Julia.
Outro relato é o da funcionária pública Fabíola Biazotto, de 38 anos, que passou por uma crise depressiva, em 2015, e procurou diversos métodos para melhorar. “Buscava mil e uma alternativa para sair da situação. Psiquiatras, psicólogos... Tomei todo tipo de medicação. Eu não dormia e tinha pensamentos suicidas. Algo inexplicável.”
Fabíola, que mora em Santa Catarina, conta que começou a praticar yoga por indicação de uma amiga e, aos poucos, começou a apresentar melhoras. “Eu passei a fazer os exercícios de respiração na hora de deitar e aquilo foi me ajudando a relaxar e a dormir. A yoga me trouxe equilíbrio, paz interior, mesmo em meio a turbulência, me ajudou a conhecer os meus limites, alinhar a minha postura e ver o mundo com outros olhos”, relata.
Ela ainda diz que hoje pratica yoga em qualquer lugar e que não liga para o que as pessoas irão pensar. “Posso estar na fila do banco que me alongo, mexo os braços, o pescoço. Se todo mundo conhecesse as práticas, com certeza viveriam bem melhor.”
A origem dessa prática milenar se deu há mais de cinco mil anos, na Índia, e suas técnicas têm uma forte influência das filosofias do budismo e do hinduísmo. Existem, atualmente, diversas ramificações da yoga à gosto para qualquer pessoa.
Confira mais um pouco mais sobre o assunto no vídeo abaixo.
Carmem Machado, professora de yoga, fala da importância de se trabalhar os chakras, que são os centros energéticos do corpo e que, certas doenças, podem estar ligadas aos bloqueios deles. “Os chakras são como se fossem um canal energético que temos no corpo e quando temos bloqueio em algum desses centros energéticos isso acaba se transformando em doenças. As posturas da yoga trabalham nesses chakras”, conta.
“A pessoa em depressão tem a tendência de se preocupar com o ontem, de viver no passado. Já a ansiedade, é uma preocupação do viver no futuro. A proposta da yoga é que você fique no presente”, observa Carmem.
A professora também fala da importância dos pranayamas, que são técnicas que trabalham a respiração, para quem sofre de depressão e ansiedade. “No caso de uma pessoa que tenha depressão, você vai trabalhar com ela mais a respiração do lado direito para que ela tenha mais energia. E a pessoa que tem ansiedade, você vai trabalhar um pouco mais do lado esquerdo para que ela se acalme”, orienta.

A yoga tem como principal objetivo trazer bem estar para o praticante, através da respiração, dos movimentos físicos, das posturas e dos ensinamentos.
No Rio de Janeiro há diversos lugares para quem procura praticar. Confira abaixo alguns espaços.
Yoga na Praça Paris - Todo segundo final de semana de cada mês, aos domingos, de 10h às 11:30h, o Yoga na Glória oferece aulões, de forma gratuita.
Yoga Gratuito na Praia - Acontece na praia de Ipanema, no posto 8, em frente a Casa de Cultura Laura Alvim, a cada 15 dias, sempre aos domingos, às 9h.
Yoga de Rua - Ocorre no Aterro do Flamengo, próximo ao posto 2, nas segundas; nas quartas acontece no Parque Guinle e nas quintas ocorre na Praça Paris, sempre de 10h às 11:30h e é voltado para oferecer a prática para população em situação de rua. Após a aula, tem almoço vegetariano para os participantes.
Yoga na Maré - Projeto que oferece aulas, nas quartas, nos horários de 14h, 15:10h e às 17h e nas sextas, às 9:30h, aos moradores da comunidade.
Yoga na Laje - É um projeto que tem a missão de levar a prática de yoga nas comunidades pacificadas do Rio e oferece aulas gratuitas em São Conrado, no Centro de Cidadania Rinaldo de Lamare, nos dias e horários: segunda, às 9h; terça, às 15h; quinta, às 15:30h e sexta, às 11h.
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