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O yoga pode ser um aliado contra o estresse durante a gestação

  • bixcoitodiario
  • 8 de mai. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 3 de set. de 2019

A prática que vem ganhando destaque entre as celebridades é indicada na gravidez


Por: Jéssica Soares

A atriz e também praticante de yoga, Isis Valverde, mostrou o rosto de seu filho Rael, de cinco meses, pela primeira vez, no último domingo (5). A artista fez uma sessão de fotos praticando com o bebê e recebeu muitos elogios. Mas, durante a gravidez, alguns de seus seguidores mostravam-se preocupados com a prática de Isis, com comentários para que ela tomasse cuidado ao executar as atividades.


Isso mostra que um antigo costume de relacionar gravidez a repouso ainda persiste, mesmo com o incentivo à realização de atividades físicas durante a gestação acontecer desde 1990, pelo American College of Obstetricians and Gynecologists. Mas a prática só foi reconhecida como segura, pela diretriz da sociedade brasileira de medicina do esporte, em 2002.


Isis Valverde pratica yoga com o filho Rael. Foto: instagram

Comentários na foto da atriz, que praticava yoga durante a gravidez. Foto: instagram

A gestação, embora seja um momento aguardado e planejado por muitas mulheres, não é fácil. O corpo sofre mudanças e as futuras mães sentem-se ansiosas, com medo do parto e do que vem depois dele. O estresse é comum na gravidez, mas também pode ser prejudicial. Uma alternativa é tentar relaxar, apesar das angústias, e preparar-se para o nascimento. Para isso, o yoga é uma boa opção, pois atua na saúde física e mental. “Os benefícios do yoga são sempre corpo, mente e espírito, atua no emocional ajudando a controlar a ansiedade, as inquietações e os medos que, em geral, acentuam-se na gravidez”, afirma Sônia Roldão, professora de yoga há 27 anos.


Uma pesquisa, de 2013, realizada pelo Centro de Investigação em Saúde Fetal da Universidade de Manchester, no Reino Unido, comprovou a eficácia do yoga para amenizar sintomas de estresse e ansiedade. Para isso, contou com 59 grávidas, elas foram divididas em dois grupos, um praticou yoga por oito semanas e o outro não. As gestantes responderam questionários acerca de seu estado emocional. Os pesquisadores calcularam, então, que uma única aula era capaz de reduzir em 14% os níveis de hormônios do estresse.


A parte emocional é trabalhada através da respiração e da meditação, mas as posturas (asanas) são de grande importância para a parte física, que precisa estar fortalecida para um parto natural e para a chegada do bebê. Sônia explica que, “geralmente, na gravidez, as mulheres ficam desconfortáveis principalmente na coluna e, quando o neném está encaixando, o desconforto também surge na parte pélvica. O parto natural é o objetivo do yoga, por isso, trabalhamos muito a questão abdominal e a parte pélvica para ajudar nesse momento, e o fortalecimento dos braços para o pós parto e amamentação”.


A professora tem 60 anos, pratica yoga desde os 17, inclusive durante suas duas gravidez, e já auxiliou diversas grávidas com a atividade. Aline Oliveira, de 38 anos, foi uma das alunas de Sônia, ela conta que já havia praticado yoga há anos atrás, por um curto período de tempo, mas que resolveu voltar durante a gestação. “Voltei durante a gravidez e foi ótimo, renovava a minha energia e fazia eu me sentir melhor. Tive uma gravidez muito mais saudável, tranquila e me sentia mais bem disposta”, relata Aline, que estava grávida de gêmeos e conseguiu ter o parto natural.


Sônia contou que, por ser uma gravidez gemelar, trabalhou ainda mais o fortalecimento pélvico para que Aline conseguisse ter o parto que queria. “Ela tinha desconforto na coluna e ficou com a barriga muito grande. No final da gravidez, tive que fazer muito trabalho para ativar a circulação das pernas que, em geral, ficam muito pesadas e inchadas”, diz.


Aline Oliveira esperando os gêmeos. Foto: arquivo pessoal

Outra que recorreu ao yoga durante a gestação foi a Cíntia Faria, de 24 anos, mãe da Serena, de 2 anos. Ela conta que começou com o yoga nos primeiros meses da gravidez, com o objetivo de ter um parto natural. “O yoga me ajudou muito com as mudanças físicas e psicológicas do meu corpo. Eu fazia duas vezes na semana, durante uma hora, e eram os meus momentos de relaxamento. Movimentava o meu corpo e também estimulava o contato entre minha bebezinha e eu. Sentia-me inchada e pesada, o yoga ajudava a aliviar isso e a tensão da gestação”, diz Cíntia. Ela acabou optando pela cesariana, por conselho do médico, mas diz ter se arrependido um pouco, “gostaria de ter esperado mais uns dias, mas tudo acontece da forma que tem que ser”, afirma.


Cíntia praticando yoga durante a gestação. Foto: arquivo pessoal

A também professora de yoga, Anáhi Tomaz de Aquino conta que o exercício ajuda, entre outra coisas, a diminuir as dores nas costas: “a prática de yoga possui asanas que movimentam o corpo, melhoram a postura, o que diminui a dor nas costas, fortalecem a musculatura pélvica, que é uma região bastante exigida no momento do parto, não sobrecarregam as articulações e aumentam a flexibilização muscular”.


Professora de yoga, Anáhi. Foto: instagram

Anáhi fala também sobre a parte emocional: “durante a prática, a gestante aprende a manter o foco em sua respiração, que no yoga são os pranayamas, e na resposta do seu corpo às posturas. Favorecendo um autoconhecimento. Por isso, tem sido cada vez mais indicada por médicos, como uma opção de exercício físico que além de movimentar o corpo, provoca uma sensação de bem estar e serenidade à gestante, que, gradativamente, fica mais relaxada e menos ansiosa”.


Alessandra Ramires, de 39 anos, procurou o yoga por sentir muitas dores nas costas, que se agravaram com a gestação, além da dilatação do quadril que também causou dor. “Como sou fotógrafa de eventos de formatura e bailes de gala, eu estava com 3 meses e já não aguentava mais andar, porque ficava muito tempo em pé. Falei com o médico e ele disse que seria muito bom para o alongamento e a postura. O yoga me ajudou com o estresse e o inchaço, fiz até o final da gestação”, diz Alessandra. A fotógrafa decidiu voltar com a atividade, quando sua filha Eliana estava com sete meses, por causa de uma crise de coluna provocada pelo peso da bebê na hora da amamentação, “hoje, a Eliana tem 10 meses e faz aula junto comigo, ela fica brincando e vai participando, gosta de mamar enquanto estou em shavasana (uma postura de yoga)”.


Alessandra praticando com a filha Eliana. Foto: arquivo pessoal

As professoras Anáhi e Sônia falam sobre a importância de ter liberação médica para a prática, pois é necessário saber se é uma gravidez saudável ou se a futura mamãe possui restrições. “Respeitando as orientações médicas, a gestante pode iniciar a prática em qualquer fase da gestação, mas é preciso um olhar diferenciado à aluna grávida. As aulas são desenvolvidas especialmente para ela, o ideal é que se formem turmas somente para gestantes, isso facilita. É bom evitar posturas que executem torções, principalmente na região abdominal, assim como as que são realizadas de cabeça para baixo, as famosas invertidas, pois nenhum exercício deve pressionar o diafragma, nem a região abdominal, elas não devem prender a respiração por muito tempo”, explica Anáhi.


Sônia fala que se a grávida já for praticante de yoga e tiver liberação médica, ela pode fazer todas as posturas. As que são iniciantes, começam, geralmente, a partir do terceiro mês e possuem algumas restrições, como as invertidas e as que colocam muita pressão na região vaginal, para que não aconteça um aborto natural. “Não há uma contraindicação, podem fazer todas as posturas, mas cada caso é um caso. Se possui hipertensão, por exemplo, não pode fazer invertida, se teve sangramento também terá restrições”, diz Sônia.


A obstetra Ana Paula Santos, do Hospital e Maternidade São José dos Pinhais, afirma que é fundamental ter a permissão do médico. “Só o médico pode garantir se a grávida tem ou não condições de realizar as atividades. Há algumas contraindicações, como o risco de parto prematuro. É preciso que a gestante tenha um bom profissional a acompanhando durante os exercícios para que ela não ultrapasse os seus limites e obtenha o relaxamento desejado. Pois ela precisa adquirir energia e não perder, o excesso pode prejudicar o desenvolvimento do feto”. A médica acrescenta que, “no geral, a prática de exercícios ajuda a evitar as complicações obstétricas, além de ajudar no controle do peso da mãe. Exercícios, como o yoga, que também produzem relaxamento, atuam positivamente no estado psicológico e reduzem as chances de estresse e uma possível depressão”.

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