Modelos virtuais conquistam marcas e preocupam profissionais do ramo da moda
- bixcoitodiario
- 29 de mai. de 2019
- 2 min de leitura

Lil Miquela, modelo digital com descendência brasileira, tem mais de um milhão de seguidores no Instagram e já foi contratada pelas marcas Calvin Klein e Prada.
Por: Taíza Moraes
Já é uma realidade: personagens criados virtualmente são contratados para trabalhar como modelos de marcas reais. A startup americana BRUD, especializada em inteligência artificial e robôs, criou em 2016 uma modelo virtual de 19 anos chamada Lil Miquela, moradora de Los Angeles com descendência brasileira e espanhola. A personagem ganhou fama em suas redes sociais e seu trabalho mais recente foi como modelo para um editorial de fotos da marca Calvin Klein junto com a modelo real Bella Hadid. Esse cenário que coloca pessoas virtuais no lugar de pessoas reais é visto com receio por quem trabalha no mundo fashion.

A designer de moda, Giselly Martins, alerta que o uso de modelos virtuais pode invisibilizar os problemas já existentes na moda. ‘’ O mercado de modelos é bem complicado. Os problemas sempre foram visíveis e diagnosticados. As questões identitárias, auto estima, aceitação, padrões, e ao mesmo tempo um imaginário de glamour do senso comum. Eliminar as pessoas, como sendo descartáveis, e construir modelos virtuais reafirma todos esses pontos já diagnosticado como necessário mudança’’, afirma Giselly.
Lil Miquela se apresenta tanto como uma pessoa real que em abril de 2018 seu instagram foi rackeado e todas fotos foram apagadas. O invasor postou uma imagem de uma loira, nacionalista e fã de Donald Trump que exigia dos criadores de Lil Miquela a verdade sobre a modelo, em troca, devolveriam a conta de volta. A empresa se posicionou no perfil de Miquela dizendo que a modelo não era humana, mas sim criada pela Startup.
Em cada postagem do instagram de Lil Miquela, likes e comentários de pessoas reais tornam a personagem ainda mais próximo da realidade. As publicações em sua rede social mostram a modelo participando de eventos internacionais e em encontros com amigos famosos como o DJ e produtor Diplo.

A inserção de modelos virtuais no mercado da moda pode ser algo negativo para Rhayene Ferreira, modelo carioca de 25 anos: ‘’É benefício para a agência e para as empresas que contratam, e desvantagem pra modelos reais. Já é complicado conseguir uma vaga no meu perfil, são diversas modelos querendo a mesma vaga, e com essa implantação de modelos virtuais, não existe competitividade de mercado. Isso acontece justamente porque a agência cria aquilo que a empresa quer e eu como modelo não consigo o trabalho, e consequentemente, fico sem visibilidade na área'', aponta a modelo.

A Brud também criou outros personagens virtuais, amigos pessoais de Lil Miquela que já possuem mais de 100 mil seguidores no Instagram: os influenciadores digitais Bermuda is bae e Blawko, que são namorados. O último, estampou a capa da primeira revista impressa produzida unicamente por computadores, edição de abril da Esquire, de Singapura.

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