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Denúncias sobre participação da milícia em confrontos entre PMs e traficantes na Cidade de Deus

  • bixcoitodiario
  • 10 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

Por: Italo Barbosa


Moradores relataram a participação da milícia na operação liderada pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro no último dia 21 de março, na comunidade da Cidade de Deus. O confronto teve aproximadamente 12 horas de duração. Registros dos Twitters da PMERJ e dos perfis comunitários “Fogo Cruzado” e “Onde Tem Tiroteio”, apontam o início das trocas de tiro às 6h da manhã e se estendendo até 18h02 da noite. De acordo com dados levantados através dessas plataformas, ao todo ocorreram 13 trocas de tiro em seis pontos diferentes da comunidade. O bairro mais afetado foi o Quinze, com 4 tiroteios na região. Durante a operação, três suspeitos foram feridos e houve apreensão de um fuzil calibre 7.62 e duas pistolas 9mm.


Por meio do Twitter, a PMERJ reivindicou a operação policial. No entanto, moradores relataram uma movimentação incomum nas ruas da comunidade, é o que conta Lucas Araújo de 22 anos, estudante e morador da Cidade de Deus desde a infância:

“Eu estava indo pro estágio quando começou uma movimentação muito rápida e agressiva. Os policiais já entraram atirando nos corredores, o que nunca acontece, e cercaram todas as saídas para revistar quem passasse. Alguns deles estavam “à paisana”, encapuzados, sem uniforme da polícia e usavam carros que não eram viaturas, algo que nunca tinha visto.”


Em um post no twitter, a página da Favela do Rodo, compartilhou uma imagem de um policial usando um tênis da marca Oakley durante a operação:


Outros tuiteiros também denunciaram a postura questionável da PMERJ durante os confrontos:


O produtor musical e comunicador do coletivo Papo Reto, Raul Santiago, se manifestou acerca dos eventos na Cidade de Deus. E complementou:


Outra internauta "@Rychard_Manu" também comentou:


A página “Conexão da CDD”, usada para divulgar os bailes da comunidade e fazer apologias ao Comando Vermelho, alertou sobre a operação dois dias antes do acontecimento:


Durante os confrontos, uma página apoiadora das atividades milicianas postou sobre a ação dos paramilitares:


Ao ser perguntado sobre o interesse da milícia no território da Cidade de Deus, Araújo afirmou:

“Hoje a milícia comanda as comunidades ao entorno como a Curicica, Taquara, Tanque e Praça Seca, por exemplo. Expandir para a Cidade de Deus seria muito bom por conta do número de moradores e comerciantes daqui”.


Entramos em contato com a Associação dos Moradores para mais detalhes, porém ainda não prestaram depoimentos sobre o ocorrido.


No dia seguinte aos tiroteios, o RJTV primeira edição abordou as denúncias de moradores acerca da tentativa de tomada da região por milicianos, no entanto, não estranhou o fato de que a invasão aconteceu ao mesmo tempo em que a PMERJ fazia uma “operação contra o tráfico”.


Ao que tudo indica, o estado está legitimando esse tipo de ação criminosa, dando carta branca para atuação desse crime organizado com a premissa de “combate às drogas”. Atualmente, a milícia vem ganhando força e território na Zona Oeste da cidade, os casos mais recentes são do Morro da Barão e do Bateau Mouchê na Praça Seca. E como estamos sob um presidente que tem um histórico de apoio a milicianos, esses episódios estão se tornando mais corriqueiros nas periferias do Rio de Janeiro.

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