Crise abre espaço para novos empreendedores na Páscoa

Melhores preços indicam novas tendências no comportamento do consumidor

Por: João Brandão

A crise financeira que afeta o Brasil faz com que diversas pessoas busquem alternativas de renda extra ou abrir um micro/pequeno negócio próprio para se sustentarem. No período da Páscoa, há um aumento de 40% nos cursos de produção de ovos de páscoa caseiros e o número de microempreendedores também cresce, como é o caso de Yasmin Zoner, dona da YazönChoc desde 2015.

Preparação do ovo de colher (Foto: Yasmin Zoner)

Para Zoner, que começou a fazer ovos artesanais por hobby, o custo benefício de seu negócio para o consumidor é melhor do que comprar um produto de grande marca nos supermercados. Enquanto seus doces caseiros tem aproximadamente 700 gramas e custam entre 40 e 50 reais, é possível encontrar ovos tradicionais de 150 gramas por 70 reais.

Rodolpho Tobler, coordenador das Sondagens do Comércio e de Investimentos da Superintendência Adjunta para Ciclos Econômicos (FGV IBRE), diz que o atual período de recessão favorece o crescimento de novas oportunidades de trabalho. “Nesse período de alta taxa de desemprego, as pessoas começam a buscar novos meios para ganhar dinheiro. O primeiro passo é a informalidade, onde tentam gerar renda sem ter carteira assinada, e posteriormente como autônomos ou abrindo uma micro ou pequena empresa e tentando recuperar seus rendimentos".

Para o economista, o principal desafio do microempreendedor é entender o que a população demanda para conseguir conquistar uma fatia do mercado. Além disso, há a tendência que em tempos de crise a população procure pelos melhores preços. Zoner explica como faz para se manter no mercado que cresce nessa época do ano. “Eu sempre tenho que estar estudando, vendo cursos, pesquisando as tendências de doces que estão na moda, tentando fazer coisas diferentes para tentar me destacar. E tento deixar o preço mais baixo que eu consigo para que consiga lucrar, mas que as pessoas comprem".

Maria Fernanda Greco, estudante de medicina veterinária, conta que, embora já tenha sido uma consumidora das grandes marcas, hoje opta por valorizar o trabalho e a mão de obra dos microempreendedores. “Além do preço ser menor, o produto é de melhor qualidade. Grandes empresas, visando o lucro, só aumentam os valores dos ovos ou barras de chocolate e até reduzem o peso dos produtos”.