Alternativa para o desemprego, coaching pode sofrer proibição

O Brasil possui hoje treze milhões de desempregados. Treze milhões de pessoas que, atormentadas pela maré difícil que o país enfrenta, têm sido obrigadas a buscar opções fora do convencional para pagar suas contas. Ser coach, ou consultar um coach, foi a saída para muitos desses brasileiros.

No início de maio, no entanto, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, recebeu a proposta de criminalizar essa atividade.

A intenção do autor da proposta, o sergipano William Menezes, seria proteger os cidadãos do charlatanismo supostamente praticado por profissionais da área, cujas atribuições muitas vezes confundem-se com a dos psicólogos. O abaixo-assinado já conta com cerca de 30 mil assinaturas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Coaching, o Coach é o profissional que ajuda a eliminar crenças sabotadoras e a construir hábitos adequados através do autoconhecimento. Em seu site, o Instituto promete que os profissionais que adotarem a prática (para a qual eles oferecem curso de formação), podem lucrar entre três e sete mil reais por cliente atendido.

Um dos argumentos mais comumente utilizados pelos que são críticos ao coaching, é a suposta falta de preparo desses profissionais. Enquanto para exercer a função de psicólogo, por exemplo é preciso fazer uma faculdade de cinco anos de duração, os coaches são formados por cursos rápidos, com em média 70 horas de duração e sem a necessidade de experiências ou formações prévias.

“Os coaches têm tido diversas condutas equivocadas que desrespeitam os profissionais de Psicologia e sua profissão.”, pontua a psicóloga Maedra Milléo, “O coaching é um mercado que oferece soluções rápidas e criativas para os problemas, fidelizando o seu público. Essas soluções mágicas, no entanto, muitas vezes são ilusórias.”

Há quem defenda, no entenda, que ambas as práticas são válidas e cada uma tem seu devido espaço no mercado.

“São duas coisas completamente diferentes.”, afirma a coach de carreira, graduada em psicologia, Letícia Martins. “O coaching é uma metodologia que dá subsídios ao indivíduo na construção de suas conquistas, sob aspectos profissionais ou pessoais. Ao contrário do psicólogo, o coach não faz diagnósticos, nem pode tratar de traumas ou coisa do tipo. Se cada um exercer apenas a sua função, não haverá problemas”.

Martins preocupa-se, no entanto, para a existência de coaches que confundem os papéis, tratando suas sessões como terapias “Uma sessão de coaching mal conduzida pode arruinar a vida do cliente”, alerta.