Cariocas procuram feiras orgânicas para fugir dos agrotóxicos
- bixcoitodiario
- 28 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Por: Pedro Miller
O número de agrotóxicos autorizados no Brasil vêm crescendo desde 2015, o que culminou com o registro de 169 novos produtos ainda na primeira metade de 2019, segundo o Ministério da Agricultura. Com o aumento da liberação de agrotóxicos nos últimos anos, feiras orgânicas estão se mostrando uma boa opção para quem busca uma alimentação livre de produtos nocivos à saúde. É o caso de Sandro, designer gráfico, que frequenta a feira da Praça Afonso Pena. “Comecei a vir faz um dois meses. Eu e minha mulher estamos tentando trocar os produtos do mercado pelos aqui da feira, tentando levar uma vida mais saudável.”
Saúde não é a única preocupação que leva aos alimentos orgânicos, no caso do cozinheiro Rafael, o sabor é tão importante quanto. “Quando você cozinha você percebe a diferença na qualidade do produto. Fora que tem alguns produtos, algumas ervas, que são mais difíceis de achar em hortifruti, em supermercados. O preço não tá variando muito, às vezes por alguns centavos, às vezes por 1 real, você tem um alimento muito mais gostoso.”

Segundo o Mapa das Feiras Orgânicas, um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que reúne local e horário de feiras em todo o Brasil, existem 42 iniciativas de comércio de alimentos orgânicos e acroecológico na cidade do Rio de Janeiro. Para a feirante Hetinett Escobar, presença garantida em várias delas, a busca por alimentos orgânicos só tende a aumentar. “A procura é muito grande. As pessoas estão com essa gana, de revigorar a saúde e cuidar do meio ambiente. A indústria agrícola desconstrói o que são valores de alimentos saudáveis, mas existe ainda o interesse de se alimentar bem, fugindo desse lixo que tá aí.”

Uma das substâncias mais populares na produção de agrotóxico, o glifosato, já foi classificada como possivelmente carcinogênica pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, parecer que foi corroborado pelo Inca em posicionamento oficial. Apesar disso, continua extremamente popular, sendo utilizado como princípio ativo em três dos 31 produtos registrados na última terça feira dia 21.
Para o pesquisador da Fiocruz, Luiz Fernando Meirelles, há uma dissonância entre os interesses da população e das grandes empresas do agronegócio. “Estamos vivendo esse momento em que prioridade no governo não é saúde humano, não é o meio ambiente. Ao invés do governo prioriza novas tecnologias, novos produtos de baixa toxicidade, estão liberando um monte de produtos problemáticos. Apesar desses horrores, a gente tem muita coisa positiva. Não é uma briga fácil para os idealizadores. Eles sabem que a sociedade não deseja isso. Ninguém em sã consciência quer comer o agrotóxico, nem o cara que fabrica. Acho que a agricultura orgânica, agroecológica, vem com uma alternativa para tudo isso.”
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