Caixa de som desaba sobre cliente de casa noturna no Rio
- bixcoitodiario
- 8 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Segurança de eventos culturais da cidade é colocada em cheque após diversas ocorrências nos últimos meses
Por Gabriela Oliveira
Uma celebração em família quase terminou em tragédia no último sábado, (04/05). Uma enorme caixa de som, pregada na parede, caiu sobre uma senhora de 65 anos em um famoso bar de rock em Botafogo, no Rio de Janeiro. Encaminhada para a Casa de Saúde São José, Vânia Guedes levou cinco pontos na cabeça.
Segundo a filha da vítima, Juliana Guedes, a casa não prestou o devido apoio à família e a festa naquele ambiente seguiu como se nada tivesse acontecido e sem que houvesse qualquer conferência na instalação das outras caixas de som. "Por sorte, meu cunhado é cirurgião e fez todo o atendimento de emergência na minha mãe.”, conta Juliana. “A casa limitou-se a mandar um funcionário telefonar uma única vez para perguntar se ela estava bem”.
Esse é mais um dos episódios recentes que escancara a falta de infraestrutura e uma série de ilegalidades envolvendo festas e casas noturnas no Rio de Janeiro.
No início de abril, uma estudante de apenas vinte anos morreu ao encostar em grade energizada em uma festa de funk no Terreirão do Samba. Segundo investigação da Polícia Civil, o local não tem licença do Corpo de Bombeiros para funcionar e conseguiu autorização da Secretaria Municipal da Cultura em troca de um percentual do lucro da bilheteria.
Caso parecido ocorreu no festival Rio Me, na semana passada, quando um jovem foi vítima de um choque elétr

ico na praça de alimentação do evento. Atendido pelo posto médico, ele sobreviveu sem maiores sequelas.
A situação já foi ainda pior: antes do incêndio da Boate Kiss, que matou 242 jovens em janeiro de 2013, na cidade universitária de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, as regras e a fiscalização com relação às casas noturnas era ainda mais maleável. Após a tragédia, algumas mudanças foram implantadas.
Em 2017, o congresso aprovou a Lei Kiss que previa crime de improbidade administrativa para o prefeito e o corpo de bombeiros que concedesse alvará para que um estabelecimento funcionasse fora dos termos da lei. A lei também previa o fim das comandas nesse tipo de estabelecimento e a detenção de seis meses a doze anos para produtores de eventos que permitissem a entrada de pessoas em número maior que a lotação permitida.
O ex-presidente Michel Temer, no entanto, vetou esses e outros 8 pontos da lei. No fim, foi realmente implantado apenas o básico: a caracterização da prevenção de incêndios e desastres como condição para a realização de um evento cultural, a responsabilização de engenheiros e arquitetos responsáveis, o uso de materiais não inflamáveis na construção, entre outras.
À época, a associação de familiares das vítimas do incêndio na Kiss emitiu uma nota afirmando que os vetos representam o “desprezo à vida em favor da omissão e do lucro”.
Comments