A prática e os desafios do Flag Football no Rio de Janeiro
- bixcoitodiario
- 29 de mai. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de jun. de 2019
Mesmo com poucos times, a cidade carioca abriga atletas que se destacam no cenário nacional
Por: Bárbara Coelho
Para quem ainda não conhece, o Flag Football é uma modalidade derivada do futebol americano que também tem o objetivo de avançar com a bola no território adversário e chegar até a zona final para marcar pontos. A maior diferença entre os esportes é que no Flag não tem a necessidade de derrubar o adversário, basta retirar uma das fitas que todos os atletas usam presas na cintura.
Aqui no Brasil, a modalidade mais praticada é a Flag Football 5x5 – duas equipes com cinco atletas em campo. De acordo com Grasiela Gonzaga – atleta, dirigente, árbitra e uma das organizadoras do site Flag Football Brasil –, além de ser a modalidade reconhecida oficialmente pela Federação Internacional de Futebol Americano (IFAF), o 5x5 possui regras e estruturas mais enxutas e baratas do que as outras modalidades. Grasiela também afirma que a modalidade ganhou mais visibilidade depois da participação da Seleção Feminina no Mundial de 2012.

Em 2012 foi também quando aconteceu o primeiro campeonato nacional, mas foi só em 2013 que se criou o Circuito Nacional 5x5, que se expandiu pelo Brasil. Na última edição, participaram da competição 27 equipes femininas e 20 masculinas, sendo seis equipes do Rio de Janeiro. A organização é feita pela Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA), mas os campeonatos regionais são organizados pelas próprias equipes locais. A confederação passa todas as diretrizes e os times se organizam para atendê-las e sediar as etapas.
Para Giane Pessoa, uma das organizadoras do circuito e atual diretora de Flag Football da CBFA, o esporte vem crescendo bastante no Brasil, tanto em número de equipes, quanto em nível técnico e de conhecimento. Entretanto, o panorama de flag na cidade do Rio se mantém estável. “A prática do beach flag, que é de caráter mais recreativo, tem conquistado um certo interesse do carioca, mas não necessariamente reflete na prática do flag. Até hoje, não existe um campeonato carioca ou fluminense, mas a expectativa é de que esse ano tenha”, afirma Giane.
Um carioca que é bastante envolvido nas questões do Flag Football é Lucas Lucas, jogador do Flag Kings desde 2015 e o responsável pela parte financeira do time. Para ele, a maior dificuldade do time é a falta de apoio e patrocínio para manter as atividades e isso resulta em uma grande diferença de estrutura entre o Rio e São Paulo. “A modalidade está em um patamar superior por lá. Eles são mais bem estruturados, estão sempre bem treinados, possuem campeonatos regionais fortes, estão sempre com uniformes novos e materiais de jogo/treino em ótimo estado de conservação”, diz o jogador.

Apesar da dificuldade, Lucas enxerga um crescimento na cidade do Rio, em comparação a quando começou a jogar. “Na nossa primeira participação no Circuito Nacional, conseguimos o terceiro lugar, mesmo com pouca experiência. Naquela época, tínhamos dificuldade para encontrar adversários dentro da nossa cidade, mas agora temos uma certa rivalidade com o América Devills e o Piratas. Isso serve como parâmetro para compreendermos como o esporte tem crescido por aqui”. Lucas ainda afirma que o Flag Kings tem recebido novos jogadores nos treinos, que estão dispostos a ingressar no esporte.
Além desse panorama do Flag Kings, outra equipe carioca que tem conseguido destaque é o Antares Flag Football – equipe feminina que se formou em 2018, com a junção dos times Fluminense Guerreiras e Animália Football. Para o mundial do ano passado, realizado no Panamá, sete jogadoras do time foram convocadas para a seleção brasileira.
Uma dessas atletas é a Caroliny Castro Machado, que ocupa a posição de blitzer no flag e joga a modalidade desde 2012. A Colina, como é apelidada pelas colegas de equipe, já participou de três mundiais vestindo a camisa do Brasil (em 2014, 2016 e 2018) e afirma que a experiência de jogar o mundial é única. “Eu sou privilegiada por ter tido a oportunidade de participar de três competições mundiais. A equipe cresceu bastante tecnicamente e considero a preparação para Coréia 2020 [o próximo mundial] a maior e melhor que já tivemos. Tudo feito por mulheres fortes que amam esse esporte”.
Outra jogadora da equipe é Lígia Blat, que ocupa a posição de wide receiver e vai para a competição desde a primeira participação da seleção brasileira, que aconteceu no Mundial 2012, realizado na Suécia. Para a atleta, as equipes na cidade do Rio de Janeiro são poucas, mas são fortes porque têm muitos jogadores que vieram do futebol americano. “O esporte está aumentando pelo Brasil e a tendência é de que aumente por aqui também”.

De acordo com Lígia, esse crescimento acontece porque estão levando o Flag mais a sério e os campeonatos estão sendo mais organizados e sempre disputados. “O campeonato nacional, no fim do ano, está lindo de assistir. Depois de quatro mundiais, o Flag está sendo reconhecido e valorizado. Temos muito o que crescer ainda”, finaliza.

Na categoria masculina, o jogador do Flag Kings, Artur Oliveira, foi destaque no Nacional do ano passado e foi eleito para a Seleção do Campeonato. Ele também foi selecionado para treinar com a seleção brasileira, em preparação para o Sul Americano e do Mundial na Coréia, mas por causa de um imprevisto, não pôde participar. No time desde agosto de 2018, Artur afirma que ainda não notou uma diferença muito grande entre o número de participantes. “Ainda sou novo no esporte, então não tenho muito parâmetro, mas ainda acho que a modalidade é muito desconhecida”. Por outro lado, Artur fala que o site Flag Football Brasil faz uma cobertura bem completa dos campeonatos que acontecem pelo país e elogia a divulgação que eles fazem. “Por causa desse trabalho, estamos caminhando para um maior desenvolvimento do Flag, mas ainda é muito recente”, afirma o jogador.
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